quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

REGIS TADEU DIZ QUE DISCO "ANTI" DE RIHANNA É HORRÍVEL E QUE ELA PRECISA COMER MAIS ARROZ COM FEIJÃO

 “RIHANNA LANÇA OUTRO DISCO HORRÍVEL. E O PIOR: TENTANDO IMITAR ADELE"” 

- Regis Tadeu


Nunca consegui enxergar qualquer traço de genialidade no pop insosso de Rihanna. Muito pelo contrário. Suas canções não dizem absolutamente nada de relevante, os arranjos são uma bagunça pseudodançante que só engana descerebrados com sérios problemas auditivos e nem mesmo seus shows conseguem fugir do padrão de breguice milionária que empesteia o show business americano. Não, nada do que Rihanna faz consegue chamar a atenção de quem não se deslumbra mais com qualquer “pacote musical” empurrado goela abaixo por gravadoras, empresários e veículos de todas as mídias.

Hum, pensando bem… Sim, teve um momento em que ela fez algo memorável. Em determinado momento da carreira, mais precisamente em 2007, Rihanna lançou uma canção que considerei como uma canção pop perfeita em todos os sentidos – arranjos, timbres, pegada pesada, letra sacana e bem construída, interpretação marcante e mais um monte de outros bons adjetivos – e que poderia ter sido o marco inicial de um padrão de excelência que a levaria a um patamar artístico bem mais alto.

“Shut Up and Drive” é sensacional. E ainda tem trechos sampleados – e creditados – de “Blue Monday”, clássico do New Order. Não lembra? Não sabe do que estou escrevendo? Então ouça e assista ao ótimo clipe da canção:

 

“Shut Up and Drive” é sensacional
-Regis Tadeu

New Order - "Blue Monday"

Faço questão de frisar esta exceção para ninguém dizer que sou 100% intolerante com a garota. Infelizmente, a canção foi obscurecida por outros hits do álbum Good Girl Gone Bad, como a insossa “Umbrella” e a péssima “Don’t Stop the Music”. Pena, mas esta é outra história…

Escrevo isto só para você ter uma ideia com que ânimo iniciei a tarefa de ouvir o mais recente álbum da Rihanna, Anti, o oitavo gravado em estúdio e, mais uma vez, com ‘trocentos’ produtores envolvidos, o que nunca é boa coisa. Muita gente palpitando leva um álbum na maioria das vezes a atirar em várias direções e não acertar um único alvo sequer. E é o que acontece aqui…

O álbum abre com a curta “Consideration”, que até tem uma base densa e pesada, mas Rihanna tenta cantar junto com a convidada SZA – uma destas novas cantoras ‘queridinhas da crítica’ que surgem aos borbotões de tempos em tempos - com sotaque jamaicano, o que só pode ser alguma piada interna que desconheço o significado. Ou vai ver que ela resolveu retomar suas raízes do local onde nasceu, Barbados, sei lá… Daí em diante, nenhuma surpresa. É a velha Rihanna de sempre, com suas canções fraquíssimas, embaladas em “nuvem de modernidade” tal eficiente quanto a defesa do Vasco.

O que mais chama atenção em Anti é o quanto Rihanna deseja amealhar o público da Adele. Em cinco canções - “Kiss It Better”, “Love on the Brain”, “Desperado”, “Higher” e “Close to You” – ela se esforça em fazer a sua própria imitação da cantora inglesa, só que com menos gritarias, com resultados que dariam a ela apenas o 4º lugar em um concurso de imitadores, só que com apenas cinco participantes.

Rihanna também atira em outras direções. “Work” tem nítida influência do Kraftwerk na base harmônica, mas ela canta como se estivesse brincando com um bebê na beira da piscina. A participação do rapper Drake é absolutamente insípida. “Woo” e “Needed Me” parecem sobras de estúdio de algum disco do Kanye West que Rihanna resolveu botar outra letra e cantar por cima. E isto não é um elogio, pode apostar, já que ela canta como se estivesse bem gripada, com melecas escorrendo pelo nariz.

“Yeah, I Said It” parece um tutorial do tipo “primeiros passos para programar sua bateria eletrônica enquanto a sua prima aprende a tocar teclado”, com a voz de Rihanna provocando uma sensação imperdoável na hora de ouvir música: sono. Já “Same Ol’ Mistakes” é uma versão de “New Person, Same Old Mistakes”, do Tame Impala, incluída porque algum dos ‘trocentos’ produtores deve ter dito a ela para gravar algo que a aproximasse do mundinho “indie criado pela avó com iogurte de ameixa”. Enquanto a canção original é bacana e com o clima etéreo psicodélico correto, na voz de Rihanna parece trilha sonora de desfile de moda.

“Never Ending” é o típico jingle de propaganda de supermercado de comida natural, conduzida por um violão que envereda por uma harmonia folk tão legítima e espontânea quanto um pacote de sucrilhos pretos.

Menina Rihanna, não foi desta vez que você conseguiu soar como gente grande. Ainda tem muito feijão para você comer, crescer e ficar forte…

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